A Rafaela, minha filha mais velha, tem 7 anos. Um dia desses, no jantar, ela me perguntou quais Estados do Brasil ela já havia visitado. Uma semana por ano nós costumávamos tirar férias no nordeste. Tai um lugar que eu adoro. Fazendo as contas a Rafaela já visitou 7 Estados desde que nasceu.
Eu disse que isso era um grande privilégio para a idade dela. E comecei a lhe contar sobre as minhas férias na infância.
Minha avó tinha uma quitinete em Santos, na praia do Gonzaga. Eu contava os meses, os dias e as horas para que as férias chegassem. Aquele era o nosso único e mais feliz destino.
Não havia toalhas brancas limpinhas e cheirosas, nem lençóis macios. Dormíamos todos juntos no mesmo lugar. Eu, meu irmão, meu pai, minha mãe e minha avó. Às vezes uma tia ou um amigo do meu irmão também se agregava ao nosso grupo.
Eram dois beliches, um sofá e um colchão. Um banheiro único, uma mini cozinha, uma mesa ao centro com quatro banquinhos e uma geladeira muito, mas muito barulhenta no meio da sala.
Ah, não tinha rádio, televisão e nem vídeo game. Muito menos recreação. Nós fazíamos tudo acontecer naquele lugar.
Mas tinha a alegria de estarmos todos juntos e felizes. A turma de todos os lugares de São Paulo se encontrava a cada temporada. O Eugênio, meu irmão, dava o sinal quando chegávamos. Ele ecoava o grito do Tarzan e todos sabiam que estávamos lá.
Contei histórias dessa época para a Rafaela e senti um arzinho de que ela queria estar lá. Pena que não dá pra voltar mais no tempo.
Que tempo bom! Será que precisamos de muito mais para sermos felizes?