Quando se chega a um certo momento da vida, geralmente após os 40, 50 ou mais, o desejo por um novo amor pode emergir com força. E com ele, muitas vezes, vem também uma idealização: imaginamos alguém que nos faça feliz, que preencha o vazio da companhia, que compreenda nossas dores e que, quem sabe, até compense o que faltou nos relacionamentos anteriores.
Algumas pessoas, influenciadas por conteúdo da mídia, criam listas extensas de exigências: características físicas específicas, idade, nível cultural, estabilidade financeira, estilo de vida, hábitos… Como se fosse possível prever, e controlar, o que só pode ser vivido na espontaneidade do encontro.
Mas se você está à procura de um amor maduro, verdadeiro e duradouro, talvez valha a pena rever essa lógica.
São mais de 16 anos estudando relacionamentos e comportamento humano, e posso afirmar com segurança: não é o outro quem deve nos fazer felizes. O peso de uma expectativa silenciosa “Procuro alguém que me faça feliz” é uma frase que parece inofensiva, mas carrega uma armadilha.
Ao colocarmos no outro essa responsabilidade, estamos delegando a ele algo que só pode nascer de dentro: a nossa própria paz e completude. É comum, após certas experiências, chegar a uma nova relação trazendo uma bagagem cheia de feridas, frustrações, inseguranças e crenças. E esperamos que alguém aceite esse pacote, cure nossas dores e ainda nos ame de forma incondicional.
Mas… quem seria essa pessoa? Ela existe? E mais: será que gostaríamos de ocupar esse papel na vida de alguém? Primeiro, cuide de si. Depois, compartilhe o que se tornou.
A ideia de que precisamos estar “prontos” para amar pode parecer rígida, mas o que ela sugere, na verdade, é responsabilidade. Não se trata de perfeição, mas de maturidade. De reconhecer o que ainda dói, de buscar ajuda, de ressignificar histórias e de construir uma nova forma de se relacionar, primeiro consigo, depois com o outro.
Só assim conseguimos atrair, e sustentar um vínculo mais leve, consciente e verdadeiro.
Sobre listas, exigências e distrações. Vamos imaginar uma cena simples: você perdeu um objeto pessoal importante em uma sala. Enquanto procura, qualquer coisa que não se pareça com ele passa despercebida. Isso também acontece nos relacionamentos. Ao restringir demais os critérios físicos ou sociais, podemos deixar de enxergar pessoas incríveis apenas porque não se encaixam no nosso modelo mental.
Se for para ter foco, que seja em algo essencial: como você deseja se sentir em uma relação? Quais valores são inegociáveis? Que tipo de parceria você quer construir, não no papel, mas na vivência do dia a dia?
A vida não é feita de buscas, mas de encontros. O amor que chega na meia-idade pode ser o mais bonito. Porque já não tem mais tanta pressa, mas tem urgência de verdade. Porque sabe que tempo é valioso demais para ser desperdiçado em repetições vazias. E porque não busca mais alguém para completar, mas para somar.
Desapegue dos rótulos. Libere-se dos padrões que já não fazem sentido. Quando você se encontra com você mesmo, fica mais fácil reconhecer o outro, aquele que também está no caminho de viver algo real. E assim poder encontrar o que procura, uma nova história de amor para contar.
Felicidade é, na maturidade, ter uma mão para segurar e uma história para contar.
Grande abraço,
Margareth Signorelli

Especialista em Relacionamentos pelo Método Gottman. Pós-graduada em Sexualidade pelo PROSEX- Faculdade de Medicina da USP. Gold Standard e Optimal EFT terapeuta. Autora do livro “Os 4 Pilares para uma vida feliz e saudável com EFT”. Criadora e Idealizadora de cursos de Autoaplicação da Técnica EFT, de Relacionamentos e de Formação de Terapeutas na Técnica EFT.





































