Grande parte das mulheres vive aproximadamente um terço de suas vidas na menopausa. Assim, como saber quando esperar pelas mudanças endócrinas, biológicas e clínicas que ela carrega? E, mais importante ainda, como manter a qualidade de vida e evitar o desenvolvimento de doenças?
O evento fisiológico conhecido como menopausa ocorre geralmente no final da quarta e início da quinta década de vida, com variações devido às diferenças comportamentais e ambientais de cada mulher. A idade média de início dos sintomas é, geralmente, aos 48 anos, variando de 46 a 52 anos. Quando ocorre antes dos 40 anos, a definimos como precoce (insuficiência ovariana prematura) e, se ocorrer depois dos 55 anos, é classificada como tardia.
Cerca de 85% das mulheres apresentam sintomas da menopausa, a depender de características individuais, das diferentes biodisponibilidades de estrogênio e suas concentrações de receptores distribuídos por todo corpo. Este hormônio, responsável pelas repercussões próprias no metabolismo e no quadro clínico-laboratorial de cada paciente, se encontra em declínio nessa fase e, consequentemente, impacta diretamente a qualidade de vida da mulher.
A menopausa modifica o organismo feminino em diversos aspectos: para além dos calorões (fogachos) e alterações menstruais, a aproximação da menopausa é marcada pelas alterações de humor, do sono, da libido, da disposição, cognitivas, ósseas, articulares, e, não menos importantes, as cardiovasculares e metabólicas. Sem falar na queda de cabelo, o aumento da circunferência e gordura abdominal, ressecamento da pele e da vagina, resultando muitas vezes em disfunção sexual.
Todos esses sintomas começam a aparecer alguns anos antes da menopausa propriamente dita, que por definição, é a parada total das menstruações – após 1 ano da última menstruação pode-se dizer que a mulher está de fato na menopausa. A transição, chamada de perimenopausa ou síndrome do climatério, é um período em que os hormônios oscilam e todos os sintomas podem começar a aparecer. Geralmente, tem início uns 2 a 4 anos antes da menopausa propriamente dita (que para algumas mulheres, que já não têm útero por exemplo, é impossível de determinar).
Tudo isso pode amedrontar as mulheres, mas verdade é que esse período não precisa ser sinônimo de sofrimento. Quando cuidada e acompanhada por um bom profissional, essa nova fase pode realmente ser vivida com qualidade, e livre de todos esses sintomas.
Infelizmente, poucos médicos estão atualizados nessa área. Mas nos últimos anos, as diretrizes das principais sociedades médicas mundiais estão em consenso: para a grande maioria das mulheres, os benefícios do tratamento hormonal são, de longe, muito maiores do que os possíveis riscos. A menopausa pode, portanto, significar longevidade, saúde e qualidade de vida quando bem orientada e assistida.
Por Dr. Igor Padovesi, com colaboração de Ollivia Frederigue
Ginecologista formado e pós-graduado pela USP, médico do Hospital Albert Einstein, especialista em menopausa, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS), e criador do projeto Menopausa Com Ciência.
Site: igorpadovesi.com.br / menopausacomciencia.com.br
Instagram: @dr.igorpadovesi / @menopausacomciencia