Eu tenho uma amiga que se casou com um homem bem mais velho.
Na época, ela tinha 21. Ele 46. Vinte e cinco anos de diferença. Viveram um grande amor, sem preconceitos. Não tiveram filhos.
Hoje ela é uma mulher de quarenta. Ele, um homem de 66 anos.
O amor e a admiração daquele tempo transformaram-se numa profunda amizade. Sim, ela o ama, da forma dela. Ele a tem como uma filha agora. Vivem juntos um dilema.
Os anos impedem que ela saia de casa. Ela lhe é grata. Ele, já não acompanha mais o mesmo ritmo.
Ela trabalha; ele é aposentado. Entregou-se às tarefas da casa. Vive depressivo e sem vontade de nada. Adoeceu.
Ela tem muitos amigos, é esportista, tem a força e o vigor da época dos quarenta. Essa é a fase de questionamentos da mulher. E do homem também, por que não? Ele a entende, apesar de tudo. Os anos lhe trouxeram essa compreensão.
O sexo já não existe mais. Dormem juntos na mesma cama, apesar disso. A chama do amor se apagou, sem mais nem por que.
O que fazer numa situação dessas? Minha amiga está entre a cruz e a espada. Não sabe se vai ou se fica.
Aos quarenta, a gente faz um balanço da vida. De que forma quero viver? Quais são as minhas opções? Quais as minhas escolhas? Resgatar a minha felicidade ou viver pra sempre do mesmo jeito?
Às vezes é preciso abdicar de algumas coisas pra vida poder seguir em frente. Ainda que esse processo seja doloroso para ambos os lados.
Tempo, reflexão e coragem para tomar decisões e correr riscos.
Minha amiga não tem certeza de nada. E ninguém pode fazer nada por ela nesse momento.
Mas eu estou certa que estarei seu lado para o que der e vier. Amigas são para essas coisas, certo?
Mas é claro que para todas as regras há exceções, concorda?