Quando criança, minha mãe chamava minha atenção e sempre me dizia que eu havia passado dos limites. Eu não entendia muito bem o que era isso até o momento em que eu, repentinamente, tomava uma boa palmada.
Sim, minha mãe usava essa técnica e eu nunca a odiei por isso. Acontece que essa prática, nos dias de hoje, não é usual. Tem até lei que trata desse assunto.
O fato é que desde pequena eu entendi que meus pais é que mandavam no pedaço, não eu. Eu lhes devia o respeito, obedecia e por muitas vezes tinha um “não” como resposta.
Claro que o castigo não acontecia com frequência porque minha mãe, sempre muito inteligente, sabia como tirar alguns privilégios por conta do meu comportamento. Com isso perdi várias festinhas de aniversário, tive que recusar alguns convites e também deixei de ganhar as coisas que eu tanto queria. Tenho a convicção de que se os meus erros de infância não tivessem sido corrigidos, talvez eu não me tornasse aquilo que hoje eu sou.
Só tive consciência de que eles estavam certos quando me tornei mãe. Um dia, arrependida por ter repreendido minha filha, tratei de ligar para a minha mãe. Ao ouvir minha história, minha conselheira me disse que aquilo que se faz com a espontaneidade que o momento exige é o certo, ainda que tenha sido necessária um pouco de rispidez.
Bom, sigo criando minhas filhas com muito amor, mas impondo-lhes limites. Elas sabem que, por enquanto, quem lhes impõem as regras sou eu. Ainda assim, eu lhes mostro os caminhos certos e sempre deixo que a escolha seja feita por elas. Sou dura e firme quando preciso, sem medos, sem culpas e sem arrependimentos. E, ainda que cometa alguns erros, estou sempre tentando acertar. Elas sabem disso!