Protesto Benedita!

limpeza-estrategias-mulher-varrendoHoje o assunto é sério, Dona Benedita! A senhora ainda não me conhece. Sou uma mulher de quarenta que trabalha ininterruptamente desde os 15 anos de idade. Com muito custo, sou arrimo de família. Cuido da minha casa, tenho duas meninas ainda pequenas e dependo, infelizmente, de uma doméstica para poder exercer minha profissão.

Como tenho um horário diferenciado, minha empregada precisa dormir no emprego para receber minhas filhas após o período escolar.

Em dez anos aprendi a conviver com essa categoria. Entre faxineiras, babás, folguistas e empregadas passaram-se mais de 60 na minha casa.

Sou uma péssima patroa? Certamente que não. Todas elas têm regalias comigo. Compartilho com elas o conforto da minha casa, forneço uniformes, roupas de cama e banho e artigos de higiene. Telefone, rádio e televisão. Com elas divido minha alimentação, sem absoluta distinção. Além disso, trato-as muito bem. Deixo-as fazer parte do meu convívio familiar. Sou humana e caridosa com elas. Compadeço-me de seus problemas e na medida do possível as ajudo como posso.

Lamentavelmente, sou obrigada a disfarçar que não sinto o cheiro quando elas usam o meu perfume. Finjo não notar que meu esmalte preferido está nos seus pés e nem posso perceber que elas usam o meu creme favorito. Também faço “vista grossa” quando vou me servir de uma porção do sorvete que mais gosto e vejo que está no fim.

Agora como se não bastasse, lá vem a Senhora, Dona Benedita, clamar por mais direitos trabalhistas para as domésticas. Veja bem, eu não sou contra. Só quero saber quem será ao meu favor.

Olha, Dona Benedita, eu nunca precisei do Estado para nada, mas sempre esperei que ele não me prejudicasse. Ledo engano o meu!

Mensalmente mais de um terço do meu salário é para pagar impostos. E olha que nunca usufrui de nada. Pago plano de saúde e minhas filhas estudam em escola particular. Agora vem a senhora me dizer que além de todas as disposições que a sua lei impõe que tenho que pagar adicional noturno, auxílio-creche? E desde quando eu sou o Estado, Dona Benedita? Muito menos me caracterizo como uma empresa. Eu sei que a senhora não sabe e muito menos entendeu: sou “pessoa física”.

Cara senhora, espero sinceramente que o tiro não saia pela culatra. Se o feitiço virar contra o feiticeiro milhares de empregadas domésticas irão para o olho da rua. E a senhora, Dona Benedita, será que voltará a exercer a sua primeira profissão?

É… a verdade é que a senhora é Dona. E eu? Ah…eu me demito do posto de patroa!

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7 Comentários

  1. Muito bem Vanessa. Nunca tive empregada, nem babá, nem motorista. Tive, sob minha responsabilidade, tres cuidadoras olhando por minha mãe, que ficou oito anos em coma de grau médio.

    Concordo plenamente que as pessoas que nos ajudam em nossas casas devem ser muito bem tratadas e devemos cumprir determinadas obrigações como patrões para torná-las funcionárias recompensadas pelo que fazem.

    O que não concordo é com os exageros! Casa de família não é empresa. Muitas pessoas tem que trabalhar muito mais de oito horas por dia e mais que 44 horas por semana e dependem de assessoria doméstica para faze-lo. Onde está o direito do empregador doméstico em deduzir tudo que pagam para suas serviçais? O empregador poderá deduzir tudo que fornece para seus empregados? Quem vai controlar os horários dos empregados e seu cumprimento, uma vez que não estarão em casa para fiscalizá-los.

    Convivo com amigos cujos empregados trabalham menos que oito horas por dia e bem menos que 44 horas semanais. Este empregado deverá cumprir a carga horária parado como um cone esperando sua hora de deixar o emprego? Como ficará a situação do empregador que, como eu, assume a totalidade do pagamento de INSS, uma vez que isso não poderá ser reversível? Creche me parece obrigação do governo. Há uma série de empresas que não dispõem de creches para suas funcionárias. As faltas e atrasos poderão ser devidamente descontados? Haverá a “justa causa”? em que situações?

    Há uma série de fatores que não foram devidamente analisados. Essas medidas farão com que muitos empregados domésticos sejam dispensados pela inviabilidade de seu cumprimento. Mais uma vez o governo e suas medidas polítiqueiras oneram a nossa classe média que trabalha e tem dificuldade para assumir cinco meses anuais para pagamento de impostos mais todas as responsabilidades que lhes são atribuídas sem sequer o direito de dedução de tais custos em seu Imposto de Renda.

    Espero sinceramente que isso não seja um tiro no pé!!!!!

  2. Concordo plenamente sobre o que foi dito. Não sou contra a lei, acredito que elas tem direito aos mesma benefícios que os nossos, mas desde que o governo me assegure a sustentar esses benefícios. Meu lar não é uma empresa, não recebo o suficiente para sustentar o que eles pedem. O que vai acontecer é realmente elas perderem o emprego. É muito caro manter um empregado. Elas não tem ideia disso. E mesmo assim pago por um serviço totalmente ineficiente. Nunca tive uma empregada que pudesse satisfazer as minhas necessidades. E depois de tudo isso de comerem nossa comida (nem todas as empresas dão vale refeição) de usarem nossa luz, nossos objetos pessoas, os presente em todas as datas comemorativas tanto para elas quanto para os filhos, as faltas por provável doença, médicos, ajudamos com medicamentos, enfim tudo isso, elas ainda tem coragem de nos processar quando a despedimos. Realmente é muito difícil aceitar isso. Está para acontecer o que acontece nos EUA a muito tempo, o serviço é tão caro que seremos obrigadas a reduzir nossa carga de trabalho para cuidar da casa e dos filhos.
    Eu não duvido que essa lei irá piorar e muito a situação do empregado doméstico no Brasil.

  3. Sou totalmente contra . graças a deus nao preciso maís delas.mais passei por tudo isso e muito mais.levar namorado e etc. estou ai na luta.

  4. Adorei o post, e a mais pura verdade, não tenho nada contra as domesticas e afins, mas para mim que sou uma simples mortal, pagar mais imposto e mais regalias ja e demais, e quem vai pagar para mim que sou autônoma?nao posso ter mais nem diarista e muito menos mensalista, pq ai vao começar os ” direitios” de cada um, o fórum trabalhista quase que não esta lotado de tantos processos, que faltam juízes para julgar, e essa nova lei e só para aumentar mais um pouquinho a fila de proçessos pendentes.
    E os direitos de patroa isso e se podemos chamar de patroa, ninguém quer saber, so querem arrecadar votos lá na frente, me engana que eu gosto , e o meu nome. E .” Claudia” palhaçada

  5. Muito Bem Vanessa!!Também estou me sentindo lesada e pior, sem ninguem que me defenda!!!
    Também trabalho desde os 15 anos. Tenho dois filhos. Na minha vida de casada e dona de casa, há 28 anos, já tive que depender de babá, de motorista, de faxineira. Morava em um apartamento enorme, tinha que contar com a ajuda de duas empregadas um motorista e de uma babá quando meus filhos eram pequenos. Trabalho fora,e faço as minhas refeições fora de casa. Já passei por todos os problemas que mencionou. Já encontrei minhas funcionárias deitadas na minha cama assistindo televisão, já as surpreendi usando minhas roupas e calçados, já tive eu e meus filhos, que comer a última fatia que restou de um bolo assado a tarde, quando os patrões não estavam em casa…Já vi no pescoço da minha funcionária, a corrente que comprei de uma amiga e em seu rosto o óculos que trouxe da última viagem. Meus filhos já tomaram muita água enquanto eu pagava contas bem grandes de refrigerantes e achocolatados. Hoje que meus filhos cresceram, mudei de casa para uma menor, justamente para diminuir o número de empregados. Contratei uma funcionária que não dorme (graças a Deus!!) mas que ao ME entrevistar, deixou bem claro que só poderia entrar as 9:00 (mas como sempre pega transito na João Dias nunca consegue chegar antes das 9:30) e sair as 15:00. Não trabalha aos sábados nem feriados, não vai ao supermercado, a farmácia, a feira… é registrada, ganha dois salários mínimos, condução, férias… Acho que se eu não me comportar ela vai me demitir!!!Vou comprar o nariz de palhaço

  6. Eu tive empregada que dormia no emprego, babá…diarista e sempre fomos corretos aqui em casa: pagávamos férias e 13° salário sem mesmo sermos obrigados e nunca, nunca tivemos qualquer tipo de “mazela” com qualquer uma das pessoas que passaram pela minha casa mas… fiz vista grossa sim: determinadas roupas minhas sumiam na sexta e “reapareciam” na segunda, taças que eu “amava” sumiam da cristaleira e “se esvaiam” no lixo após serem quebradas “sem querer”…todas sempre comeram as mesmas coisas que comíamos…que bebíamos…que “sobremesávamos”..e de quebra ganhavam roupas, levavam sobras que eu dispunha com satisfação…mas não vamos ser hipócritas: todas trabalhavam contrariadas, revoltadas, com ira…e eu…”eu tinha culpa de ser patroa” sendo que eu cozinbha prá elas que nunca me acharam “cozinheira”…e assim caminha a humanidade…

  7. pra quem não concorda ou não tem condições financeiras voltem para o tanque, o ferro de passar e a vassoura, fácil assim.

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