A parábola da cobra

serepente-e-vagalume-bloksUm homem cruza uma tempestade de neve, quando escuta um ruído. Vê uma cobra, ferida e quase morta de frio. “Me ajuda!”, diz ela.
“Você é perigosa”, responde o homem.
“Não vê que estou quase morrendo, e não posso lhe fazer mal nenhum?”, implora a serpente.
Compadecido, o homem a recolhe, e leva para a sua casa.
Durante algum tempo convivem em harmonia. Mas um dia, enquanto acariciava a cabeça da cobra, ele recebe uma mordida fatal.
“O que é isso?”, diz o homem, a beira da morte. “Salvei sua vida, lhe dei comida, carinho – e agora você me envenena?”
E a serpente responde: “mas você sabia que eu era uma cobra, não sabia?”

Deixe-me em paz!

cap22“Eu não aguento mais”. Esse foi o desabafo de um amigo recém separado que vem sofrendo as consequências do desequilíbrio da sua ex que não consegue superar a falência do casamento.

Seu único objetivo é destruir emocionalmente seu ex-companheiro de maneira ardilosa, numa vingança sem fim. Suas artimanhas para alcançar o que tanto quer são tão vis que não só atingem o seu ex como todos os que estão a sua volta. Nessa cadeia, as principais vítimas são os filhos, além dos pais, e sogros, também.

Eu me recordo bem do momento da minha separação. Entendo perfeitamente o quanto é difícil aceitar essa nova condição. Lembro-me de como foi complicado ter que assumir tudo sozinha e aceitar que as coisas realmente haviam mudado em todos os sentidos, principalmente a minha situação financeira.

Também senti dor, medo e raiva. Chorei muito, sofri bastante. Até que um dia, enquanto eu me lamentava dessa situação tomei um grande “chacoalho” da minha mãe. Ela me via jogada, quase desistindo, quando mandou que eu me levantasse da cama e tratasse de cuidar da minha vida e da vida das minhas filhas, afinal, era essa a única – e melhor herança – que havia restado daquela relação.

Então eu me dei conta de que enquanto eu pensava em fazer alguma coisa para me vingar de tudo o que havia acontecido, minha vida andava para trás. Eu não conseguia trabalhar, nem me concentrar em nada. Não me divertia e apenas amargava o meu destino. Com o choque emocional dado pela minha mãe eu tomei a decisão de que não deixaria nada mais me abalar. E assim, eu me levantei da cama e segui em frente. Tratei de cuidar de mim e minha relação com as meninas foi a melhor possível, tanto que, apesar de todo o sofrimento, medos e angústias, passamos juntas por esse momento sem que elas precisassem de qualquer tipo de ajuda.

Posso dizer que nós, juntas, nos superamos. E apesar de toda a derrota, saímos vitoriosas. Minha vida continuou. Eu segui em frente e descobri muitas outras coisas que me faziam feliz. Amigos, festas, diversão e o principal: que mesmo só, eu poderia ser uma ótima companhia para mim mesma.

Meu amigo espera que verdadeiramente sua ex encontre seu caminho e que ambos possam viver em paz.

Eu também torço por eles!

 

Tome seu veneno

uma_dose_venenoNem sempre é fácil terminar um relacionamento. Já sabemos das dores, das decepções e dos dissabores que podemos ter. Dependendo do motivo, o gosto amargo do fim pode durar dias, meses e até mesmo anos.

E tem gente que não se cura dessa dor. Torce diariamente pela infelicidade alheia. Não aceita a possibilidade de que seu ex, ou sua ex, tenha encontrado um novo amor. Roga-lhe um milhão de pragas! Deseja-lhe muita má sorte.

Se daquela relação restaram filhos, então, será pior ainda. A vingança já terá um bom meio de atingir o seu alvo. E com toda certeza será bem dolorido.

Enquanto um lado está feliz e realizado, o lado outro vai de mal a pior. Queria ou não parece que tudo de errado começa a acontecer. Uma sensação imensa de vazio, depressão, angústia e solidão: “Oh, vida, oh céus, oh azar!”

O amargurado tem seu muro de lamentações lotado de frases prontas para serem ditas a qualquer momento, mas nem sempre encontra oportunidades para isso.

Enquanto isso, o tempo continua passando para os dois. E muitas vezes pode ser tarde para se dar conta de que enquanto um progrediu muito, o outro ficou totalmente para trás.

É, meu amigo, minha amiga, se quiser tomar a sua dose de veneno, fique à vontade. Só não torça para o outro morrer. Lembre-se que o feitiço, muitas vezes, vira contra o próprio feiticeiro.

A outra

traição (1)Separação é um luto. Não há como fugir. Esse assunto já foi tema do blog em outras oportunidades. Até porque vivi na pele essa sensação horrorosa de falência, de fracasso e perda.

Poderia enumerar milhares de motivos que levam ao desenlace, mas um deles e o mais comum é a infidelidade.
Diante de todo fracasso da separação muitas vezes é preciso conviver com a existência da outra. Sim, aquela que “pegou” aquilo que era seu, digamos assim.

E como é difícil aceitar. Claro que ninguém é de ninguém, mas toda relação exige o mínimo de respeito. Pode acontecer? Lamentavelmente sim. O fato é que ninguém ainda conseguiu explicar muito bem porque isso acontece. São inúmeras razões.

Ainda que não se queira machucar o outro, a traição muitas vezes é a responsável pelo fim dos relacionamentos. E então a gente se depara com a obrigação de lidar com isso. Não é nada fácil.
Mulheres trocadas por outras muitas vezes se deixam abater. Perdem a autoestima e se sentem inferiorizadas.

E o pior é que só cabe a você virar esse jogo. Ao invés de se entregar as lágrimas trate de fazer alguma coisa que te faça bem. A sua melhor revanche é ser feliz. Superar-se a cada dia e seguir sempre em frente.

E depois minha amiga se ele te trocou pela outra não se esqueça de que ela também estará sujeita a mesma situação! Pode ter certeza que ela viverá atormentada por esses fantasmas! Quer vingança melhor do que essa?

traição

A revanche

Raquel estava na farmácia. Com a mudança do tempo a gripe chegou. Ela conversava com o farmacêutico quando viu seu ex-namorado entrar. Eles moram perto e frequentavam praticamente os mesmos lugares.

Já fazia um tempo que haviam terminado, mas nunca mais haviam se encontrado. Ela não gostava mais dele tanto quanto antes. Mas alguma coisa estava mal resolvida.

Raquel passou mão nos cabelos. Ajeitou a roupa e encolheu a barriga. Pegou rapidamente o seu remédio e se dirigiu ao setor de preservativos.

Quando Miguel chegou mais perto, ela chamou a sua atenção. Tratou de colocar rapidamente três caixas distintas de preservativos na sua cesta, com sabores e tamanhos distintos.

– Oi, quanto tempo!? Como você está? – Disse-lhe ele, beijando-a na face.

– Nossa, que bom te ver! Estou ótima! – Disfarçando a voz afônica que estava.

– O que faz por aqui? – Continuou ele.

– Passei para dar uma olhadinha. Sabe como são as mulheres, não é? – Falou ela olhando para a cesta e com um leve sorriso nos lábios.

Quando Miguel viu a cesta cheia da ex, arregalou bem os olhos.

– Puxa! – Soltou ele, meio que sem querer.

Ela fingiu ficar um pouco sem graça e esboçou um leve sorriso nos lábios.

– Bem, tenho que ir, estou atrasada. Foi bom te ver! – Saiu ela dirigindo-se ao caixa.

– CPF na nota? – Perguntou o atendente.

– Sim, certamente. – Disse ela despejando aquele monte de caixas barulhentas sob o balcão.

Miguel chegou logo em seguida para pagar com um desodorante nas mãos.

Raquel pagou a conta, pegou a sacola e despediram-se mais uma vez.

– Tenho que ir…até mais. – Disse-lhe Raquel.

Ele mal lhe deu “tchau”. Ficou furioso. Possesso, eu diria. Parou para pensar no tempo que estiveram juntos e lamentou a perda. “Nossa, como ela está mudada.” – Pensou Miguel.

Raquel voltou para a casa. A vingança estava feita, ainda que tivesse demorado um pouco para chegar. Na época que estavam juntos, Miguel a traiu com uma mulher mais nova. Sim, Raquel é uma mulher de quarenta.

Ela chegou em casa e arrumou os armários. Guardou seus preservativos na cômoda, bem ao lado da sua cama. Olhou para o telefone na esperança dele tocar.

Abriu um vinho, colocou uma música e depois de algumas horas finalmente adormeceu.

Ela acorda todos os dias e olha para a gaveta da sua cômoda. Fica na dúvida do que fazer para se livrar do estoque que fez. Pensa no Miguel.

Ai, ai, se arrependimento matasse.

Essa mulherada apronta cada uma!

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