Reposição hormonal: não é questão de opinião!

Vez ou outra me deparo com essa pergunta, tanto no consultório como de amigas e conhecidas: você é a favor da reposição hormonal da menopausa? Ou então, ouço frases como: “meu médico é contra hormônios”, “hormônios aumentam o risco de câncer e trombose”, “os sintomas da menopausa são ruins, mas um dia passam”. Ou pior ainda, “minha médica me disse que é assim mesmo, quando chegamos nessa idade temos que nos adaptar”.

Foi-se o tempo em que as decisões em medicina eram norteadas pela opinião, experiência, ou linha de pensamento da escola onde o médico se graduava. Essa era a medicina de antigamente, antes do advento da chamada “medicina baseada em evidências”, que está bem estabelecida há pelo menos três décadas.

Isso significa que para tomar decisões, o médico deve se guiar pelas melhores evidências científicas existentes (exemplo: o remédio A é melhor ou pior que o B; tal procedimento cirúrgico é melhor que outro pra determinada condição; ou seja, os riscos x benefícios de tudo em medicina). E tais dados são provenientes de grandes estudos, realizados com metodologia científica rigorosa, para que as conclusões sejam realmente confiáveis.

O tema da reposição hormonal da menopausa (tecnicamente o termo mais apropriado é “terapia hormonal da menopausa”) já foi motivo de muitas controvérsias no passado, mas há muito tempo já não é uma questão de “opinião” do profissional. Existem hoje diversos consensos mundiais, com evidências científicas de altíssima qualidade, que tornaram esse assunto “pacificado” na medicina (no sentido jurídico do termo).

Os principais consensos sobre esse assunto são o da Sociedade Brasileira de Climatério (2018 – será atualizado em 2023) e da Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS), publicado em julho de 2022. Neles estão muito claras as principais dúvidas que permeiam o tema: riscos, benefícios, contraindicações, exames necessários, como deve ser o acompanhamento, por quanto tempo utilizar, etc.

Claro que, na prática, existem variáveis e questões específicas que devem ser avaliadas individualmente, para as quais podem não haver evidências científicas para responder. Por isso a experiência e o conhecimento do médico continua sendo de extrema importância. E além disso, o bom médico é aquele que conhece bem a sua paciente, suas particularidades e preferências, e ao invés do antigo modelo de médico tomador de decisões e ditador de regras, orienta e esclarece a paciente para juntos fazerem as melhores escolhas.

Fato é que todo o conhecimento científico moderno sobre a terapia hormonal da menopausa indica claramente que os benefícios da reposição hormonal superam, de longe, os riscos. Com raras exceções (também já bem conhecidas), a reposição hormonal é indicada para todas as mulheres, iniciando já no aparecimento dos primeiros sintomas (pois a transição menopausal demora alguns anos, sendo a menopausa mesmo o fim da linha). E a terapia hormonal moderna é feita com hormônios preferencialmente “bioidênticos” (ao invés dos sintéticos).

Mulheres tratadas adequadamente no processo de transição para a menopausa não só melhoram significativamente a qualidade de vida, mas também obtêm uma redução do risco de diversas doenças relacionadas ao envelhecimento e comprovadamente vivem mais, e melhor!

Por Dr. Igor Padovesi

Ginecologista formado e pós-graduado pela USP, médico do Hospital Albert Einstein, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS), e criador do projeto Menopausa Com Ciência.

Site: igorpadovesi.com.br / menopausacomciencia.com.br

Instagram: @dr.igorpadovesi / @menopausacomciencia

 

Implante de reposição hormonal para mulheres de quarenta

Muito é falado sobre a Terapia de Reposição Hormonal para as mulheres de quarenta, isso porque, conforme envelhecemos, o nosso corpo diminui a produção de diversos hormônios, o que pode acarretar mudanças inconvenientes em nosso corpo.

Porém, apesar de muitas mulheres maduras precisarem fazer essa reposição, nem sempre elas se sentem à vontade de aplicar ou ingerir as doses periodicamente, seja por esquecimento ou por vontade de ter algo mais prático.

Pensando nisso, há alguns anos foi criada uma outra opção que tem se popularizado cada vez mais, que é o implante hormonal bioidêntico, chamado geralmente de “chip hormonal”, um material de silicone semipermeável, do tamanho de um palito de fósforo (cerca de 4 a 5 cm), que é colocado sob a pele na região do braço ou nas nádegas.

Aplicado de forma indolor por conta da anestesia local, o procedimento de inserção dura menos de 10 minutos. De forma segura, ele passa a jogar na corrente sanguínea os hormônios necessários para a pessoa de acordo com as suas particularidades, e também na dose devida.

Ele é muito indicado para diversos fins da saúde, desde como método contraceptivo, como também para mulheres que tenham endometriose, adenomiose, miomas, TPM, e também para a fase da menopausa.

Dentre os diversos efeitos gerados por ele, é possível salientar a melhora na libido por conta do aumento da testosterona feminina, eliminação de cólicas e TPM, aumento na disposição… Porém, tal como a própria ingestão de hormônios, em que é possível ter alguns efeitos colaterais, com esse método também há a possibilidade de reações como sangramento irregular e oleosidade da pele.

Entretanto, essas reações são reduzidas, uma vez que o hormônio é bioidêntico, isto é, com estrutura molecular igual aos hormônios produzidos pelo próprio organismo. Isso é possível, uma vez que ele é produzido por meio de amostras de urina de mulheres e homens.

Além dos benefícios médicos, há alguns também estéticos, porém, eles são secundários. Há alguns anos, houve uma grande polêmica nesse assunto, por muitas pessoas famosas estarem utilizando o método apenas para fins de beleza, fazendo até que ele fosse apelidado como “chip da beleza”. Entretanto, ele só deve ser utilizado em casos de saúde mesmo.

Se interessou? Procure seu médico, converse com ele e analise os prós e contras de usar o implante hormonal e a necessidade real disso.

Colaboração: Jéssica Mayara (@jessica.mjornalista)

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