Bandeira branca, amor!

White Flag: Last LapFiz uma enquete na página do Mulheres de Quarenta para ver o que as mulheres queriam ouvir. Relacionamentos que resultam em filhos foi um dos temas solicitados. O que fazer para viver em paz com o seu ex quando se têm filhos? Confesso: não é fácil.

Logo depois da minha separação fui a uma festinha de criança. Eu estava só com as minhas duas filhas. A mãe da aniversariante era separada e o pai, ex-marido dela, estava na comemoração. Eu achei aquilo o máximo, afinal estava em pé de guerra com o meu ex. Senti uma pontinha de inveja porque enquanto minhas filhas sofriam com aquele momento que estávamos passando, a aniversariante estava toda feliz ao lado do pai e da mãe.

Apesar de achar que meu dia nunca chegaria, posso dizer que hoje vivo em paz com o pai das minhas filhas. Temos uma relação de respeito e cordialidade o que já é suficiente para que nossas filhas vivam felizes e confortáveis com a harmonia que agora existe entre nós.

Claro que não foi fácil chegar até aqui. Brigamos, discutimos, envolvemos as meninas até que percebemos que, para elas, o melhor seria tentarmos uma convivência pacífica. Com isso, elas não nos deram trabalho. Sofreram a perda, como nós, mas entenderam e, por fim, aceitaram bem a separação.

Hoje entendo que enquanto um não levanta a bandeira branca, a guerra nunca acaba. Perder, por um lado, significa ganhar do outro. Pense bem se a decisão de viver bem não cabe a você! Às vezes é melhor ser feliz do que ter razão. Boa sorte!

Quem pode mudar?

Vanessa Palazzi e Eugênio Reynaldo Palazzi

Aqui, cá com os meus botões, paro para pensar na vida e nas pessoas. Claro que a gente sempre se espelha na experiência dos mais velhos. E muitas vezes achamos que eles estão equivocados. Sabemos que, nas tentativas, eles acertaram mais do que erraram.

Nessas reflexões vejo que do alto dos meus quarenta anos ainda tenho tempo de me adaptar. Aceito muito melhor aquilo que não pode ser mudado. Sei que daqui pra frente as mudanças radicais começam a ficar cada vez mais distantes.

Meu velho pai, meu ídolo, meu amigo me inspira a escrever. Indomável, às vezes um tanto quanto irascível, mas é o meu pai a quem tenho adoração. Tem um jeito todo peculiar. É bravo, mas por dentro uma criança. Um tolo que vive por amor como ele mesmo diz. Muitas vezes não o compreendi. Até o dia em que me tornei mãe e vi, que o amor incondicional que tanto se fala, se fez verdade na minha vida.

Quando criança eu não entendia os seus nãos. Na adolescência eu o enfrentava mas sempre o respeitei. Na vida adulta comecei a compreender os significados do seu zelo. Agora, aos quarenta, passei a amá-lo ainda mais por toda a dedicação que teve e continua tendo comigo.

Ah, esse meu pai…já perdi as esperanças de que um dia ele mude. Aliás, já nem quero mais como um dia eu quis. Quero me adaptar ao que não pode ser mudado e a aceitar que o amor tem essas nuances que o tornam tão especiais.

Feliz por ter esse entendimento que faz parte da minha evolução! Pai, te amo!

Dor de cotovelo

Homens ciumentosQuem nunca sentiu que atire a primeira pedra. E como dói, não é?

Ainda que tenha sido você que tomou a decisão para o fim do relacionamento, sempre fica alguma coisinha. Não é amor não, na maioria das vezes, é um sentimento esquisito, que a gente não consegue explicar muito bem.

O fato é que a gente sempre se julga melhor do que os outros (ou as outras). Ainda bem, pois isso na verdade mostra que temos autoestima. Ponto para nós!

Depois da separação, quando você ainda não encontrou alguém legal, que te faça feliz, é difícil admitir que a outra já tenha encontrado alguém e que está numa boa.

Mesmo as pessoas mais bem resolvidas sentimentalmente sentem uma pontinha de ciúmes quando sabem que a ex (ou o ex) já está com um novo par. Ai que raiva que dá! rsrsrsrsrs

Mas a verdade é que todos nós temos o direito (e o dever) de sermos felizes. Quando menos se espera, as coisas acontecem. Você conhece alguém bacana, que te dá valor, que te ama de verdade e te aceita do jeito que você é. Se dará certo ou não, o tempo vai te dizer. Mas se você não arriscar, nunca vai saber.

A vida é uma caixa de surpresas, boas e ruins. Sentir dor de cotovelos faz parte. E quer saber? A gente sobrevive, e muito bem. Ninguém morre de amor!

Amor sem palavras

dsc06332Papi” é o jeito carinhoso que eu aprendi a chamá-lo desde pequena. Minhas filhas gostam de chamá-lo de “fofo”. E ele se derrete todo.

Às vezes nós brigamos, discutimos e damos broncas um no outro ! Ele resmunga. É todo “bravinho”!

Há dias em que estamos tristes e choramos juntos. Mas logo depois ele ri de si mesmo e conta uma piada como ninguém. Ele é divertido e engraçado. Quase infantil, apesar dos seus 70 anos. De uma hora pra outra vira um moleque, brinca e volta a ser criança.

Tem um lado bem dramático também que carrega no seu sangue italiano. Às vezes ele fica chato, rabugento, faz birra e trocamos de mal.

E o mais gostoso é depois ficar de bem! Devagarzinho eu vou até ele pra me aconchegar. Ele me abraça gostoso, me fortalece, me pega no colo e quem volta a ser criança sou eu! E essa sensação de ser a menina dele não acaba nunca mais!

O tamanho do seu coração? É impossível mensurar.

O amor não precisa de palavras!

Como é bom ter você. Obrigada!

Deus, agora eu entendo

313556_278037018897986_264994036868951_695620_1909883186_nDemorou alguns longos anos pra eu entender quem era Deus. Onde afinal Ele se encontrava?

Sempre o procurei por todos os lugares e confesso que muitas vezes não o achava.

Isso porque assim como você eu também cresci com a ideia de que Deus é Pai! De que Deus castiga! De que Deus quer algo em troca! De que quem não reza ou não vai à igreja não recebe nada em troca. Sim! Infelizmente nos ensinaram que Deus exige essa moeda de troca. E a gente fica se culpando por isso! Afinal quantas vezes você se esqueceu de rezar antes de dormir?

E quando algo de errado te acontece? Aí você imediatamente se lembra de Deus e se enche de culpa. Porque eu não rezei antes para Deus? Agora que eu preciso Ele não vai me atender!

E então antes de começar a rezar você já começa se desculpando!

– Olha Meu Deus, me desculpe por não ter rezado antes, mas é que a vida é corrida, sabe como é. Acabei me esquecendo de lhe agradecer por algumas coisas, mas a verdade é que agora estou precisando. Tem como me ajudar?

É claro que sim! Deus não lhe cobra nada. Deus é amor! E Ele está em todos os lugares. Acima de tudo, Deus está bem dentro de você. E quando você passa a entender isso, você descobre que juntos vocês são capazes de realizar maravilhas!

Quando você se livra das culpas, dos medos e do temor que te impuseram ao longo da vida a respeito de Deus as coisas começam a fluir bem melhor!

Acredite! Deus é forca! Deus é perdão! Deus acima de tudo é amor! Ele e você. Você e Ele. Juntos vocês formam uma dupla infalível!

Que Deus desperte em você a confiança que você tanto precisa! Livre-se dos medos e das culpas. Deus não faz isso com você. Acredite! Tenha fé!

Ema, ema, ema

casal-feliz-Não há nada mais gostoso do que começar a namorar. Os dois estão felizes, se conhecendo a cada dia e mostrando um ao outro aquilo que têm de melhor. Defeitos? Não existem nessa fase. Ao menos, não aparecem logo de cara.

Ninguém quer mostrar o seu pior lado. Aliás, ele só aparece mesmo com o tempo. E não dá pra negar que defeitos e manias todo mundo tem. E como!

No início apresentamos aos nossos parceiros nosso currículo inicial, com todas as características relevantes para que seja devidamente aprovado. E naturalmente o relacionamento acaba mostrando aquilo que não se podia ver logo de cara. É inevitável.

Mas nada impede que possamos relevar e considerar algumas coisas.  Afinal de contas do mesmo modo que o outro tem atitudes que te incomodam, você também as tem e muitas vezes não se dá conta disso.

E nessa fase é importante questionar a verdadeira sintonia do relacionamento. Será que vale a pena? Se vocês têm os mesmos valores eu diria que sim. Mas se seus objetivos forem diversos é melhor questionar a continuidade.

E aí, será que vale a pena?

É…cada um com seus problemas! rsrsrs

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Lutos da vida

texto-52-foto-2Lembro-me bem do dia da minha separação. Foi triste. Naquele momento precisava de um apoio e chamei minha mãe para ficar ao meu lado. Minhas filhas não sabiam de nada mas eu não podia esconder.

Quem já se separou sabe o quanto é dolorido contar para os filhos que os pais não ficarão mais juntos. Foi um dos piores momentos da minha vida. Minha filha mais velha, Rafaela, na época com 6 anos de idade, pôs-se a chorar. Incontrolável. Por dias ela se manteve assim. Jogada nos cantinhos, sofrendo e chorando muito.

Não há dor maior para os pais do que assistir uma cena dessas. Dói. E como dói.

A Giovanna, minha filha mais nova, na época com 5 anos, não entendeu muito bem o que se passava. Logo após a notícia, ela começou a brincar. Não derramou uma lágrima. Passou um bom tempo dessa forma. Inclusive, me deu forças muitas vezes. Quando me via chorar simplesmente me acolhia em seus bracinhos pequenos e me enchia de beijos.

Agora, depois de uma ano e meio, a Giovanna está vivendo o luto que não viveu naquela época. Ela começou a sentir os efeitos da separação dos pais. As férias deflagraram esse comportamento. Ela anda triste e sentida. Um tanto quanto quieta e solitária. Quando não estamos por perto, ela fica insegura. Quer ficar ao nosso lado, tanto do meu, quanto do pai.

Ela sofre, mas entende que a partir de agora será assim. Sente dor mas não sabe e nem consegue verbalizar. Está passando por um dos lutos dos muitos que temos que passar na vida. É triste vê-la sofrer e não ter o que fazer. Mas superar os maus momentos faz parte do amadurecimento.

Nós já sabemos disso. Ela ainda não! Nada como o tempo para curar todas essas feridas.

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Pais reféns

como-educar-filhos-rebeldesNão é difícil de se ver por aí pais que se tornam reféns de seus filhos. Homens e mulheres. Geralmente acontece com mais frequência entre pais separados que não sabem lidar muito bem com essa situação.

Sentem-se culpados pelo fim do casamento. Penalizam-se pelo fim da relação e de alguma forma precisam se redimir com os filhos. Querem recompensá-los de alguma forma. A culpa pesa a tal ponto de sucumbirem totalmente à vontade dos filhos. Sem nenhuma limitação. Inclusive deixando sua felicidade de lado para fazerem a vontade dos filhos.

Claro, que com medo de dizerem não, aceitam todas as imposições que lhes são feitas. Os filhos, por sua vez, reinam sozinhos, sem nenhuma interferência. E cheios de poder, vão até o final. E pasmem! Conseguem exatamente aquilo que querem.

Eu já presenciei algumas cenas. Mães com medo de perder o amor dos filhos não impõem limites. Deixam-nos fazer o que bem entenderem. Têm medo de dizer não. Homens separados também tentam suprir essas carências de alguma forma. Não encaram de frente a situação. Estão sempre substituindo a educação por outras coisas, especialmente as materiais.

E aí, o rei ou a rainha se perpetuam no poder. Os súditos sucumbem para sempre. Pior do que isso é correr o risco das crianças se transformarem em pequenos tiranos. E aí, meu amigo, minha amiga, você estará perdido. Seus filhos também.

Será que não vale a pena dizer um não? Pense nisso!

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O presente do meu pai

Papi chapéu
É, esse é o meu velho. Ele é um barato! E ele usa chapéu!

Quando o aniversário da minha mãe se aproximava, ficávamos ansiosos esperando o presente que meu pai compraria para ela. Nunca tivemos a oportunidade de escolher. Não por nada. Mas ele não ligava para isso.

Na sua simplicidade, ele sempre achou que a agradaria com utensílios para o lar. Na data do aniversário, ele lhe dava um liquidificador novo, uma batedeira, ou ainda uma máquina nova de lavar.

Claro que a gente não achava que aquilo era o presente que ela merecia. Queríamos mais! Uma coisa diferente. Uma bolsa, um sapato quem sabe. Ele podia sim dar, mas não sabia como. Ela, na sua grandeza de mulher, recebia os presentes com amor. E nos agradecia.

Ele ficava todo feliz por ter lhe agradado! E ela estava realmente grata pelo presente.

Por outro lado, meu pai além de nunca ter deixado faltar nada para a minha mãe, sempre lhe proporcionou coisas muito boas. Claro que isso nem sempre acontecia nas datas especiais. Além disso, sempre esteve presente, em todos os momentos das nossas vidas.

Nunca vi minha mãe exigir nada dele. Ela nunca precisou. Ao mesmo tempo ele também nunca lhe cobrou nada. Um colaborou com o outro durante o casamento e se doaram na medida certa. Nem mais, nem menos, mas o suficiente para os dois.

Papi e Mami

Eles vivem bem e felizes até hoje. Claro que às vezes sai uma faísca, como em qualquer família italiana como a nossa. Eles se amam pra valer e são o meu melhor exemplo.

O amor…ah…o sublime amor. Com todas as suas nuances, ele sempre imperou entre eles.

foto Mami

O que será que minha mãe vai ganhar neste Natal? A única certeza é que, mesmo que ela não ganhe nada, abrirá um sorriso maravilhoso! Ela é assim, meu maior e melhor exemplo de mulher. Um dia eu chego lá!

Amor sem medidas

gayEu gosto de conversar com as pessoas. Acho que até por isso escolhi bem a minha profissão. Tento entender, da minha forma, o que se passa com as pessoas. Todo mundo têm uma história pra contar. Ainda que pouco me conheçam, muitos se sentem a vontade de contar suas passagens. E eu me interesso muito pelas pessoas. Eu gosto de gente!

Foi numa dessas rodas de amigos que entendi melhor a expressão “amor incondicional”. Um dos amigos que falava sobre sua história de sua vida, casamento e separação, declarou que um de seus filhos era gay.

No momento o silencio pairou pelo ar. Todos se entreolharam e prestaram atenção no que ele tinha para contar. Ninguém estava chocado pelo fato do filho ser gay, mas pela grandeza do pai de assumir para todos a condição sexual do seu filho de forma tão espontânea.

Fiquei maravilhada de ver aquele pai falar com tanto amor e orgulho de seu filho!

Claro que para ele, pai de mais dois meninos, não foi nada fácil. Quando ele soube da notícia, por dois dias ficou em estado de choque. Passado esse tempo, ele entendeu o seu filho e passou a amá-lo mais ainda. Mesmo porque teve a sensibilidade de entender o que se passava com seu menino. Soube o quanto ele sofreu durante anos por não poder dividir a condição sexual com os seus pais.

Meu amigo foi de uma grandeza tamanha! Admirável. Coisas de homens com H!

Parabéns querido amigo! Você nos deu uma grande lição de amor!

E ai? Está preparado pra isso? Não? Meu amigo também não estava!

Traição tem perdão?

Vale à pena refletir. Quantos casos você já ouviu falar por aí sobre traição? O assunto é cada vez mais comum e também já não causa tanta perplexidade.

A traição se tornou um hábito comum para muitos casais. Homens e mulheres, insatisfeitos com suas relações, procuram diversão fora do lar. E não têm dificuldades para lidar com ambas as relações: a de casa e a de fora de casa.

Não se envergonham de expor o assunto publicamente, nem mesmo de apresentar aos amigos os seus amantes. Correm o risco como se não tivessem nada a perder. Sim, eles convivem numa boa com o seu círculo de amizades e ninguém fala nada pra ninguém!

E quando tudo vem à tona? É possível perdoar? Aquele que foi traído consegue recuperar a confiança do seu par?

Conheço histórias em que tanto homens como mulheres, pela comodidade de estarem juntos há muitos anos, fazem vista grossa para esse assunto. Para eles o casamento envolve muito mais coisas do que o amor: filhos, dinheiro e principalmente patrimônio. Barbie e Ken não querem dividir os seus bens!

Por conta disso, ainda que a traição tenha existido ela não surte efeitos na relação. É como se nunca tivesse existido. E não são nada raros casos assim. O duro é que o chumbo pode ser facilmente trocado! Ai você já viu!

Mas para outros, a traição pode sim ser fatal para a relação. Uma vez descoberta, ela não tem perdão. Não tem volta, nem conciliação. Confiança é una coisa que se conquista com o tempo, mas basta uma pequena escorregada para que ela se perca para sempre.

Até acredito em pessoas que tenham perdoado seus parceiros, mas nunca se esquecerão de que um dia tudo aconteceu.

E ai? Mulher bonita mexe com seu coração?

O depois

Eu sempre digo que separação é um luto. Não importa o tipo de relacionamento. Nem sempre, especificamente, precisa se tratar de um casamento.

O fato é que quando as pessoas se separam geralmente passam pelas mesmas coisas.

Ainda que você tenha se dado conta que aquela relação estava falida, você passa pela dor. Essa é a primeira fase. O sentimento de perda e frustração é muito grande. Como se alguém tivesse morrido, embora ainda esteja vivo. Mas bem distante de você. Duro aceitar que aquela pessoa que conviveu anos ao seu lado agora esteja longe, tocando sua vida. E o pior. Você também precisa levar a sua adiante.

Difícil reunir forças para isso. Ainda mais quando a dor fala mais alto. Mas como diz o ditado, não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Temos que seguir em frente.

Sentir raiva também é bem comum. Nem sempre do outro, muitas vezes de nós mesmos. Mas isso também vai passar. A não ser que você não queira. Quem vive amargurado não consegue ser feliz. Isso é muito ruim. Claro que as mágoas farão parte dessa outra etapa, mas é preciso superar tudo isso. Como? Você vai ter que descobrir. Não há regras.

Eu encontrei nas minhas filhas a razão pra continuar. Nao pude me entregar ao sofrimento porque elas precisavam muito de mim assim como eu preciso delas. Os filhos sofrem, inevitavelmente. E isso dói. E como dói. Ah, se pudéssemos evitar, não é? Mas o mais importante é preservar as crianças das brigas e garantir que elas convivam com os pais, independente de qualquer coisa. Ex-marido ou ex-mulher. Ex-pai e ex-mãe não existem.

O próximo passo é conviver com os conflitos. Especialmente os financeiros. Muitas vezes, enfrentar os litígios para resolver essas questões. Separação de corpos significa também separação de bens. E essa parte é muito complicada. Nem sempre os casais separados conseguem administrar bem essa situação.

Você também vai conhecer melhor os seus amigos. Muitos ficarão e te darão justamente aquilo que você precisa. Alguns te decepcionarão, e muito. Outros irão embora, para o seu próprio bem. Mas nada te impedirá de se relacionar com outras pessoas e descobrir uma nova realidade. Sim, você começa uma nova etapa que poderá ser muito boa ou melhor do que você esperava.

Quanto aos novos relacionamentos, eles surgirão com o tempo. Desde que você se dê essa oportunidade. Mas sua visão será bem diferente. Na bagagem você tem mais experiências e saberá lidar melhor com essa questão. Claro que você não saberá muito bem o que quer. Mas saberá exatamente aquilo que não quer mais para você.

Depois de um tempo a gente percebe que é possível superar e mais que isso, que a gente sobrevive. E pode ser muito bom se redescobrir nessa fase. Isso certamente acontecerá. Ainda que você tenha pessoas boas ao seu lado te aconselhando, tudo dependerá exclusivamente de você.

Com o tempo você aprenderá a perdoar. Em primeiro lugar, a si mesmo. E quando isso acontecer, você se sentirá mais leve. Pronto para seguir o seu caminho e começar uma nova etapa.

O que vai acontecer daqui pra frente? Ninguém pode saber. Não crie tantas expectativas. Trace metas e tenha esperanças. Mas acima de tudo, seja feliz com aquilo que já você tem.

E aí? Está preparado? Então sacode a poeira e deixe a vida te levar!

O antes

Tenho amigas casadas que estão prestes a se separar. Elas me procuram para ter uma opinião sobre o que eu acho desse assunto.

Muito difícil aconselhar nessa fase. Eu sei bem o quanto é complicado. E também sou muito a favor do casamento. Desde que você seja feliz, é claro! Quantos bons exemplos temos por aí, não é?

Mas o que posso dizer é que o fim é bem semelhante para todos que passam por isso.

Indiferenças, preocupação com os filhos, o medo de ficar só, o vazio, a solidão a dois, as angústias, a ingratidão, as expectativas, a pressão e a depressão. Sexo nem pensar: ainda que ele exista torna-se físico, quase material. O amor ficou em segundo plano.

O sentimento de traição -mesmo que não tenha acontecido – a perda, a frustração, a falência daquela relação que durante anos você investiu.

Homens e mulheres que se perderam em algum tempo da relação sentem-se assim.

Não é nada fácil tomar uma decisão.

E todos que estão nessa fase precisam de um tempo. Nada acaba de um dia para o outro, ainda mais quando o vínculo do casamento fala mais alto e principalmente quando essa relação gerou frutos: os filhos.

Outra questão que pega nesse momento é a parte financeira. Sim, muitos são obrigados a encarar as despesas sozinhos. E na separação há queda de padrão, inevitavelmente.

É preciso estar preparado para isso também.

Como ficam os filhos? O que fazer daqui pra frente? Como se preparar para essa nova fase, ainda que você não aceite que as coisas mudaram tanto?

Vamos falar disso no próximo post!

Por enquanto, mantenha a calma. Fortaleça-se. Pense nas coisas boas que essa relação te rendeu.

Apesar de não ser fácil é preciso encarar. Nem sempre as coisas acontecem do jeito que você queria ou esperava. Mas a vida é assim e é preciso seguir em frente. Pense nisso!

Meu heroi favorito

Por Eunice Palazzi, minha amada mãe. Para meu pai!

Aos cinco anos de idade, carregava uma caixa de engraxate. Atrevia-se a ficar na porta da barbearia para ganhar alguns trocados. Com eles, comprava alguns pães e leite, que eram muito bem vindos numa casa onde tudo era muito escasso. Só a pobreza era grande.

Aos sete ou oito anos, já mais esperto, confeccionou um carrinho de rolimã. Seu pai era mecânico e lhe fornecia as rodas usadas. Era seu brinquedo preferido. Disputava corrida com os amigos da rua onde morava.

A probreza continuava, apesar da sua ajuda. Cada vez pior. Sem nunca reclamar de nada, adaptou um caixote de frutas no carrinho e carregava  compras de madames na feira. Com isso, o faturamento aumentou e seu entusiasmo pelo trabalho também.

Aproveitava todas as oportunidades para ganhar um troco a mais, sem nunca negar nenhum trabalho.

A vida continuava. Além do trabalho, estudava no grupo escolar, brincava muito com os amigos da rua. O pai era um homem bom. Ignorante, lhe dava muitas surras. As professoras, com freqüência, ameaçavam de ir à polícia pelos maus tratos ao menino.

Sua mãe, bordadeira, tentava contornar as situações familiares, inclusive nas economias que fazia para comprar alimentos.

Foi brincando na rua, próximo de completar seus 14 anos, que um senhor saiu da gráfica em frente e incomodado com a algazarra da garotada, disse-lhe:

– Menino! Você já tem idade e tamanho para trabalhar! Pare com esse barulho!

Ele, em resposta, disse:

– Se o senhor me arrumar um lugar, eu posso começar agora!

Assim ele iniciou sua vida profissional, com “carteira assinada”. Começou como office-boy. Sua caligrafia era exemplar. Isso fez com que ele ficasse responsável pelos livros da contabilidade e correspondências.

O tempo passou. Até que o gerente do banco onde a gráfica mantinha conta ofereceu-lhe uma nova oportunidade. Ele via nesse jovem uma pessoa de grande futuro. O dono da gráfica, que gostava muito do rapaz, o deixou ir, confiante no seu potencial.

Ele foi exemplar. Mesmo servindo o exército não deixou de trabalhar. Fazia a compensação de cheques noturna. Dos bancários, era o melhor. Esperto, ágil, inteligente e o melhor de tudo, e sempre alegre, sorridente e bem humorado. Já naquela época ele era feliz porque sabia que, sozinho, havia absorvido para si toda a mantença do lar. Pagou as dezesseis cirurgias do pai e garantiu tudo aos seus velhos até o dia de suas mortes.

Sua caminhada continuou. Do banco, partiu para uma empresa de metais e em seguida assumiu como tesoureiro de uma multinacional. Enquanto tudo isso acontecia na sua vida profissional, dedicava-se aos estudos.

Aos 19 anos apaixonou-se por uma garota. Após seis anos de namoro, veio o casamento. O mais simples, porém o mais feliz. Antes de se casar, comprou seu próprio imóvel com toda a mobília.

Casado e já com um filho, cursou a faculdade de Direito. Quando se formou já tinha uma filha também.

Sua simplicidade e humildade fizeram dele um grande campeão. Um lutador nato que entra em todas as batalhas. Seu extremo entusiasmo e amor fazem com que as lutas pareçam sempre brincadeiras de criança.

Sua ingenuidade, maliciosa, e seu atrevimento, honesto, fazem a vida parecer tão boa e tão fácil como quando ele fez sua primeira caixinha de engraxate.

Esse é o meu super heroi. O meu preferido!

FELIZ DIA DOS PAIS

Vaso de cristal

Quando um cristal se quebra é impossível remendar. Eu me lembro de uma passagem quando era criança. Uma vez por semana minha mãe saía com o meu pai. Uma das minhas brincadeiras preferidas era jogar ping-pong na mesa da sala de jantar. A rede era um cabo de vassoura.

Claro que minha mãe ficava furiosa. Atrás da mesa ficava a sua cristaleira com antiguidades. Algumas peças eram do casamento da minha avó. Uma, em especial, era um vaso de cristal com folhas de prata.

Numa dessas noites em que jogávamos, dei um encontrão repentino na cristaleira e quebrei a peça preferida da minha mãe.

Meu vizinho, que estava em casa, viu o meu desespero. Pediu uma fita adesiva e começou a colar os pedaços, como um quebra-cabeça.

Não deu tempo. Logo minha mãe chegou e a primeira coisa que lhe mostrei era o que havia acontecido.

Achei que naquele dia ficaria de castigo. Minha mãe olhou a peça e, entristecida, se calou. Ela, melhor do que ninguém, sabia que era impossível juntar os pedaços. Eu não!

Demorei alguns anos para entender o significado de um cristal que se quebra. Hoje sei bem o que isso quer dizer. Eu também tenho uma cristaleira. Nesses anos, vários cristais se quebraram e nunca consegui recuperá-los. Eles foram substituídos. Nem sempre com a mesma beleza ou com o mesmo valor.

É… a vida também é assim!

Hora de crescer

Quando menos se espera as crianças nos surpreendem com perguntas capciosas. Claro que nunca estamos preparados para responder.

Dia desses, na hora do jantar, minha filha mais velha, de oito anos, me perguntou sobre a semelhança da letra das fadas com a minha.

Ela sempre acreditou nesses seres mágicos e encantadores. E eu alimentei os sonhos dela. Crianças acreditam piamente na sua imaginação.

Fiquei sem resposta na hora. Eu não gosto de mentir. Ela olhava profundamente nos meus olhos. Não tive como negar que a letra das cartas que ela havia recebido “das fadas” era minha.

A Rafaela pôs-se a chorar, copiosamente, por alguns minutos.

Sentei-me com ela para conversar. Ela estava decepcionada. Eu não tinha mais saída. Era o momento de contar a verdade, até mesmo para não me contradizer na educação que dou para as meninas.

“Melhor uma verdade doída do que uma mentira descabida”, concorda?

Tivemos uma longa conversa. A Rafaela me compreendeu. E eu aprendi mais um pouco sobre a aventura de ser mãe e a árdua tarefa  que é a de educar os nossos filhos.

Um dia a gente descobre, inevitavelmente, que Papai-Noel não existe.

O tempo passa muito rápido. A Rafaela tem muito pra me ensinar. E eu tenho muito o que aprender com ela.

É…crescer dói! Como dói!

A grama do vizinho

A vida dos solteiros é boa. A dos casados também. Mas quem está do lado de cá, olha para o lado de lá.

Enquanto os solteiros estao por aí se divertindo, os casados ou enamorados estão abraçados vendo um filme na TV ou fazendo alguma coisa mais interessante a dois.

Os solteiros, bem resolvidos, vão para o bar, saem para jantar, vão dançar, conhecem pessoas, fazem novas amizades, viajam com amigos, são convidados para festas e aproveitam para badalar.

Os casados participam de churrascos em família, geralmente com os mesmos amigos em igual situação. As crianças correm pela casa. Cinema e jantar a dois. Ficar em casa, abrir  um vinho e assistir um filme de vídeo pode ser um bom programa. À noite, dormem abraçados e pela manhã sempre tem um beijo de bom dia. Domingo o almoço é na casa dos pais. Dividem os problemas e a educação dos filhos.  Brigam de vez em quando, mas fazem as pazes. A vida continua assim.

Inevitavelmente há comparações. Os casados olham para os solteiros felizes e acham que a vida pode ser boa assim. Os solteiros, por sua  vez, se cansam um pouco de estarem sozinhos.

Sim, esse status nem sempre é tão satisfatório. Tudo o que é demais pode cansar. Viver só nem sempre traz realizações. Por outro lado, compartilhar sua vida com outra pessoa exige alguns sacrifícios: paciência, tolerância, compreensão, renúncia e doação entre tantas outras coisas.

Vantagens e desvantagens. Não há regras para ser feliz.

É…a grama do vizinho muitas vezes parece mais verde do que a sua. Nem sempre é, concorda?

Eles não dão conta!

Rita Lee disse que mulher é um bicho esquisito. Tudo bem, eu até concordo. Nós temos tensão pré-menstrual, choramos com mais facilidade, comemos muito mais chocolates do que os homens, nos preocupamos com a nossa aparência, usamos maquiagem, compramos roupas e sapatos mesmo sem precisar e nos apaixonamos rapidamente.

Além disso, conciliamos várias coisas ao mesmo tempo: vida de mãe, dona-de-casa e a vida profissional. Mais do que isso, sempre temos um tempo disponível para nos dedicar à parte sentimental. Sim, essa é praticamente a diferença básica entre nós.

Aliás, isso nos alimenta. E como! Nós mulheres conseguimos executar melhor todas essas tarefas quando estamos certas de que vamos ter alguém para perguntar como foi o nosso dia.

Homens não pensam assim. Eles não conseguem administrar tudo ao mesmo tempo. Se eles perdem o emprego e estão numa situação financeira complicada, eles “não funcionam”, literalmente. Sexo: nem pensar!

A separação, para eles, também é bem complicada. Geralmente, sem os filhos, são obrigados a morar sozinhos. Alguns – poucos – voltam para a casa dos pais. Isso, para eles, significa muitas vezes um retrocesso. Sozinhos, são obrigados a assumir uma nova identidade: o regresso para a vida de solteiro.

Quando algo os aborrece a última coisa que pensam é encontrar aconchego no colo feminino. Pode até ser, se eles tiverem a mãe por perto. Eles preferem uma cerveja com os amigos ou um jogo de futebol. Resolvem uma coisa de cada vez. Cumprem as etapas. Bem diferente de nós.

Isso não quer dizer que nós mulheres também não passamos por esses momentos. É inevitável. Mas certamente, lidamos melhor com esses conflitos.

E você, dá conta?

Diferenças que fazem toda a diferença

Eu tenho uma amiga que se casou com um homem bem mais velho.

Na época, ela tinha 21. Ele 46. Vinte e cinco anos de diferença. Viveram um grande amor, sem preconceitos. Não tiveram filhos.

Hoje ela é uma mulher de quarenta. Ele, um homem de 66 anos.

O amor e a admiração daquele tempo transformaram-se numa profunda amizade. Sim, ela o ama, da forma dela. Ele a tem como uma filha agora. Vivem juntos um dilema.

Os anos impedem que ela saia de casa. Ela lhe é grata.  Ele, já não acompanha mais o mesmo ritmo.

Ela trabalha; ele é aposentado. Entregou-se às tarefas da casa. Vive depressivo e sem vontade de nada. Adoeceu.

Ela tem muitos amigos, é esportista, tem a força e o vigor da época dos quarenta. Essa é a fase de questionamentos da mulher. E do homem também, por que não? Ele a entende, apesar de tudo. Os anos lhe trouxeram essa compreensão.

O sexo já não existe mais. Dormem juntos na mesma cama, apesar disso. A chama do amor se apagou, sem mais nem por que.

O que fazer numa situação dessas? Minha amiga está entre a cruz e a espada. Não sabe se vai ou se fica.

Aos quarenta, a gente faz um balanço da vida. De que forma quero viver? Quais são as minhas opções? Quais as minhas escolhas? Resgatar a minha felicidade ou viver pra sempre do mesmo jeito?

Às vezes é preciso abdicar de algumas coisas pra vida poder seguir em frente. Ainda que esse processo seja doloroso para ambos os lados.

Tempo, reflexão e coragem para tomar decisões e correr riscos.

Minha amiga não tem certeza de nada. E ninguém pode fazer nada por ela nesse momento.

Mas eu estou certa que estarei seu lado para o que der e vier. Amigas são para essas coisas, certo?

Mas é claro que para todas as regras há exceções, concorda?

Eu tenho, você não tem!

Minha mãe, assídua leitora do Mulheres de Quarenta, pediu que eu não escrevesse tanto sobre separação. Está certo, ela tem um pouco de razão. É que apesar de ter passado por essa situação há pouco tempo, tenho me deparado com várias pessoas da nossa idade que passam pelo mesmo momento.

Eu sei que há casais que vivem bem e felizes no casamento. Esse seria o certo. O casal “Palazzi” é o meu maior exemplo. Meus pais estão juntos há mais de 50 anos. Confesso que foi muito difícil encarar o divórcio tendo eles como meus pais. Enfim…

Hoje sou uma mulher divorciada com duas filhas pequenas. Claro, que assim como todas as mulheres, eu também penso em encontrar alguém para me relacionar. E já sei que não posso exigir um homem solteiro, sem filhos e sem história. Haverá uma bagagem, estou certa disso. Muito diferente de quando somos jovens, livres, solteiras e desimpedidas. Homens com filhos, para mim, não me incomodam hoje como me incomodariam no passado.

Mas para quem nunca viveu a experiência de ser pai ou mãe é mais difícil se relacionar com quem tem filhos. Claro que não é impossível, mas requer um pouco de paciência. Filhos são para o resto da vida e nós pais temos responsabilidade eterna sobre eles. E ainda temos que conviver, bem ou mal, com o (a) nosso (a) ex.

Por outro lado, a parte que não tem filhos precisa saber entender isso muito bem. E tem que estar disposta para essa relação. Conviver com as birras das crianças sem ter o pátrio poder. Ver a namorada brigando com o ex por causa das crianças e não poder se intrometer nessa relação e assim por diante.

Mas com disposição, de ambos os lados, é possível conciliar essa relação, que pode sim, dar muito certo, porque não?

Não há barreiras que o amor verdadeiro não possa superar.

Eu tenho, você não tem! Vai encarar?

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